segunda-feira, julho 14, 2008

Aurora esquecida


Há momentos em que o sol desaparece,
Enregela-se o ar e o corpo adormece.
Há momentos em que o quente arrefece,
O coração gela e a raiva apetece.
Há momentos em que tudo se desmorona,
Tudo apodrece e a calma se esquece.
Há momentos em que minh'alma entristece,
Vontade de viver desaparece e o meu ser empobrece.

Tenho branduras infames em momentos temerosos,
Repúdios coléricos que ditam a falha.
São glórias perdidas acima da dor,
Que me trazem aos olhos a esperança canalha.

Inscrevo o ardor que me traz aqui,
Pela explosão que isso constrói.
Adoraria que não fosse assim,
E que matasse por mim aquilo que me corrói.

Nau vagabunda, mordaça de mar,
À deriva do sonho, perdido navegar.
Canto que fui, canto que sou,
Diferente de tudo, daquilo que sonhou.

Aurora anoitecida, pelo breu da escuridão
Ajuda-me a clarear, a aturdida imensidão.

terça-feira, abril 29, 2008

De mim para comigo




Cai dentro de mim
Um murmúrio infinito,
Quero chegar ali
Com a pressa de um grito.

Cai dentro de mim
A espada de papel.
Impiedade amordaçada
Na esperança de um cordel.

Cai dentro de mim
O sorriso que arrefece,
Rogo amor e esqueço o ódio
Porque cedo adormece.

Cai dentro de mim
A força de um punhal.
Escárnio puro, criança-flor
Bem longe de qualquer mal.

Cai dentro de mim
Ontem, Hoje e Sempre.
Maldição ou mal de amor
Num gemido bem ardente.

E CAIO dentro de mim
Com chama pura de aflição.
Quero MESMO chegar ali
Com a RAZÃO no CORAÇÃO!