quinta-feira, agosto 16, 2007

Dor de viver!


Existem dias em que tudo desaba! Entramos em nós questionando tudo o que inequivocamente não se explica taxativamente. É aí que tudo pesa cá dentro… a angústia renasce ou acorda como algo constantemente adormecido que volta e meia nos põe o coração nas mãos. Se ao menos pudéssemos controlar o mundo, articular os nossos princípios com as atitudes dos outros e até a nossa conduta, seria muito mais simples ser feliz (mesmo com as amarguras que roemos incessantemente para nos dignificarmos).
Na primeira pessoa afirmo ser comigo mesmo que teimo e entre um conflito e outro vou descobrindo ainda mais pedregulhos poluentes da minha estrutura emocional. É por entre complexos de inferioridade e visualizações de mim mesmo algo pessimistas que vou agonizando muitos dos pedaços do meu quotidiano.
Pressiono-me a mim mesmo para ser feliz porque se assim não for, julgo sucumbir ao comodismo. Porém, desiludo-me quando eu também me acomodo... quando não consigo demover as arbitrariedades da sua própria existência e mais uma vez não controlo tudo. Há dias em que sou nada, muito embora sinta tudo. É esse sentimento exacerbado que me repugna em mim mesmo… já não consigo mais pensar racionalmente. Sinto que perdi o controlo de mim mesmo… sinto que me mudei em prol de muita coisa imerecida e outras até que valem a pena… mas mudei! Cobri-me com uma nova roupagem que em nada se articula com a realidade simples e eficaz.
Queria tanto ser perfeito. Julgo ter sido nessa busca que me tornei pior… lamento não estar ao nível dos outros, das suas capacidades, da sua essência, das suas crenças, da sua beleza aparente. Lamento não chegar para ti como acho que mereces… afinal não sei saborear vitórias. Acho que não sei ganhar… ver o belo onde ele é obscuro… e descobrir-me por entre lamúrias e lamentações. Já não confio mais em mim como outrora… mesmo tendo mudado porque estou vivo. Deixei de sorrir à mais alta estrela com a esperança de um dia lá chegar… Deixei de ser eu, para me poder aceitar interior e exteriormente… mas ainda hoje não sou suficiente para mim. Suicídio? Não, essa seria a cobardia do ser… vou preferir a cobardia do não ser para me poder encontrar, mesmo que para isso tenha que me submeter à dor de viver.

2 comentários:

Anónimo disse...

Revejo-me totalmente. Sao dias menos agradaveis, quero eu pensar assim.Mas o sol esta aí!Força!!

amelie disse...

"Há dias em que sou nada, muito embora sinta tudo."

às vezes, já somos quase tudo (nunca se é tudo) mas a busca da perfeição, da superação de nós mesmos impede-nos de serenar por dentro, de valorizar o que temos.

"colhe o dia porque és ele" =)